terça-feira, 7 de maio de 2013

Tese ou vida?



Muitas pessoas acreditam que fazer um doutorado exige que a pessoa abdique de muitos prazeres da vida. O estudo é sempre relacionado à dedicação e à disciplina, às noites mal-dormidas, às horas que se perde mergulhado em livros. Para alguns, o doutorado tem um pouco de sado-masoquismo, uma espécie de renúncia, uma quase-morte da vida social. Eu nunca consegui me acostumar com essa fama que o doutorado tem. Sempre pensei os livros e os estudos mais como aliados do que como inimigos. Por que encaramos os estudos como um tipo de renúncia? Precisamos realmente escolher entre tese ou vida? Por que não fazer da tese um processo mais amplo, um meio de pensar o nosso lugar no mundo? Esse foi o caminho que resolvi escolher. Para mim, os livros representam a liberdade de pensamento e não a renúncia. A pesquisa não tem sentido de rigor, de disciplina. A tese não é o fim, mas o meio que eu escolhi para agir. O doutorado representa para mim uma mudança de vida, uma aventura. Abandonei os pampas gaúchos e fui buscar em Recife um pouco de liberdade, de independência. Tive que encarar algumas renúncias, como a companhia dos amigos e da família. Descobri o que é saudade. E, mesmo que seja um processo difícil, sinto que não são só os estudos e a titulação de doutor que me movem. Tem alguma coisa maior, alguma inquietação que me fez chegar até aqui.  Tese ou vida? Escolho e vivo os dois intensamente. Esse blog representa, pra mim, um pouco deste processo de transformação, das inquietações que dão sentido à minha pesquisa e que me movem, de algum jeito. Por meio deles, desenvolvo também o hobbie de fotografar, de registrar minhas experiências em imagens. Ciência ou arte? Escolho os dois.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Entre a tese e a vida

Não tenho a menor dúvida de que a noite de 12 de dezembro de 2011 foi bastante atípica em minha vida. Uma imensa ansiedade e uma boa dose de aflição expulsaram de uma vez por todas a tranquilidade que reinava em meu quarto, e o pior é que meu sono também resolveu me abandonar. Enquanto minhas pálpebras relutavam em baixar a guarda, minha memória era rebobinada como uma fita de VHS, em câmera lenta todos os detalhes da manhã do último dia 06 eram atentamente revisitados. Apesar da nitidez das imagens, não havia clareza alguma acerca do ocorrido.

Vamos aos fatos! À margem de qualquer superstição, o dia 13 era mais do que esperado e, a bem da verdade, havia mais de um mês que aquela ansiedade citada lá em cima se instaurara. Da cama fui direto para a internet. E confesso que naquele dia, se toda a internet fosse varrida do mapa não faria a menor diferença desde que o site do PPGCOM da UFPE estivesse lá, disponível. Melhor dizendo, desde que o site do PPGCOM/UFPE estivesse disponível e constando o meu nome, como de fato estava - e basta clicar neste link para ver que não estou brincando.

Depois disso, quem resolveu aparecer de volta foi a tranquilidade. E ai não fica difícil imaginar que a noite do dia 13 fora completamente diferente da anterior. Eu fui comemorar minha aprovação no doutorado, mas os detalhes deste episódio eu vou poupá-los neste momento. 

Mas, vamos aos fatos novamente! Hoje, faz pouco mais de um ano que a turma de 2012 iniciou as aulas aqui no PPGCOM. Mas, o que não fora percebido na euforia da comemoração era a intensidade da mudança que se aproximava de nossas vidas. O desafio não era apenas encontrar um abrigo seguro em uma tese inusitada e criativa (ainda estou atrás dela), essa era apenas a parte visível na euforia da comemoração. Havia, por certo, uma tese pela frente, mas havia também outros desafios interessantes: viver em uma nova cidade, e Recife apesar de não tão nova assim, é uma cidade desafiadora e instigante; conhecer novas pessoas, integrar novos círculos de amizade; conviver com a saudade do que e de quem não pode ir junto; etc.; 

Mas o que este blog tem a ver com isto? Se, depois destes quatros frágeis parágrafos acima, você não elaborou esta questão, tudo bem, não tem problema eu a assumo para mim. Pegando o gancho da amizade, eu, Karolina Calado e Natália Flores, já faz bastante tempo, pensamos em compartilhar nossas experiências aqui no Recife - se você observar o link anterior encontrará os nomes destas figuras na tão sonhada lista de aprovação. Enfim, depois de tanta falta de tempo, nossa ideia de compartilhar registros e impressões da vida aqui no Recife, e também de nossas incursões não acadêmicas neste momento que, em tese, é plenamente voltado à tese, saiu do papel. 

Assim, aqui deixaremos nossos relatos sobre literatura, música, cinema e principalmente fotografia, nosso ponto em comum (eu sou marxista, Karol não, Natália quem sabe). Quem sabe surgam alguns exercícios de crônicas e poesias de nossa própria autoria. Esperamos que nossas experiências sejam encorajadoras para aqueles que buscam trilhar este caminho, pois falaremos da UFPE, da vida de estudante, de moradia, comida, diversão, falta de grana etc. Mas, este blog é, antes de tudo um projeto narcisista, para que possamos olhar para ele ao término desta jornada acadêmica e observarmos o que fizemos de nossas vidas pernambucanas. 

É bem provável que pouco seja dito sobre nossas pesquisas, pois nossa ênfase é exatamente naquilo que constitui nossa válvula de escape...

Como estávamos falando de tese, a minha hipótese é de que há alguém aí do outro lado visitando este blog. Se sim, seja bem vindo! Se não, vamos à hipótese nula – apareça, comente, questione e opine.